O Pacaembu já não é mais nenhum menino. Com 81 anos recém-completados e uma bagagem pesada, a história desse estádio tão querido se confunde e cruza, em diversos momentos, com a nossa própria caminhada palmeirense e de vida.

27 de abril de 1940. Estávamos lá, goleando o Coritiba por 6 a 2 no jogo inaugural do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho. É verdade que o primeiro gol do estádio não foi nosso – aquela parmeirada de lei – mas o primeiro triunfo sim. E o maior público também tem nosso nome na linha fina. O empate entre Palmeiras e Santos foi visto por mais de 73 mil pessoas nos anos 70.

Fomos nós também que mais comemoramos títulos lá. No Porcoembu, quem tem mais tem 13: cobrimos de verde tobogã e arquibancadas para erguer o caneco de 7 Paulistas, 3 Torneios Rio-São Paulo e 3 Brasileirões, dentre outros.

Não é só por tantos triunfos que amamos o Pacaembu. É também pelas lembranças, muitas delas eternizadas no Museu do Futebol que se abriga nas entranhas do gramado. Mas é também pela energia. É pelo por do sol que cobre a arquibancada nas tardes de sábado, pela ventania sem controle e pelo frio cortante naquele quase-descampado, pela chuva que desabriga. 

Por muito tempo, o Pacaembu foi a segunda casa de muitos grandes clubes. Foi o lugar onde nós, nossos pais e avós viram acontecer a história de seus times e a história do futebol brasileiro. O Pacaembu foi gigante e foi de todos, como um estádio público de futebol deveria ser.

É inesquecível o que vivemos lá, mas é findo também. Com a privatização por 35 anos, o tobogã, a arquibancada e uma parte da história darão lugar ao fetiche cosmopolita de mais um centro comercial. Não por vontade própria, o Pacaembu perde um pedaço, mas resiste. Mais ou menos como resistem as lembranças do quanto fomos felizes lá. No meu, no seu e no nosso Pacaembu.