Bem mais que 90 minutos
Mulher e futebol.
Seja jogando, assistindo, comentando ou só gostando.
Esse é um daqueles tabus que a gente vem tentando quebrar a cada texto, a cada jogo do Palmeiras, a cada dia.
Manter um blog 100% feminino, que tem como base falar de futebol é tarefa muito difícil. Ir sozinha pro estádio em dia de jogo é uma tarefa absolutamente complicada. Querer debater sobre futebol sendo mulher, olha, não é das maiores facilidades que a gente encontra.
Nós já falamos aqui, das mais variadas maneiras, sobre esse assunto. Mas uma discussão recente fez com que eu pensasse novamente no quanto nós, mulheres, avançamos, mesmo que devagar, no futebol (e na vida).
Pleno século 21, pleno ano de 2019 e nós ainda temos que reafirmar nosso lugar na sociedade. Seja profissionalmente ou em um momento de lazer, como é o futebol, a luta diária que a gente trava é pelos motivos mais simples ou até mesmo mais complexos.
Ser mulher e gostar de futebol é uma partida com bem mais de 90 minutos, acréscimos, prorrogação e disputa por pênaltis.
Ou a gente não entende, ou não deve falar disso porque é “papo de homem”, ou a gente só tá sendo “maria chuteira”. Ninguém até hoje conseguiu imaginar que a gente só gosta de futebol? Que torcer pra um time, pra uma seleção ou só gostar de sentar pra assistir ou ouvir aquela partida pode ser a dádiva de um momento da nossa vida?
Seja pela Marta (6 VEZES A MELHOR JOGADORA DO MUNDO), pela Renata Fan ou por nós deste blog que vocês acompanham. A mudança vem acontecendo, mesmo que gradualmente, de nós mulheres para nós mulheres.
Seleção Brasileira Feminina de Futebol é 7 vezes campeã da Copa América.
Fonte: Globo Esporte
Um passo que pode parecer pequeno, mas só parece mesmo, porque é gigante, é o fato de que a Rede Globo de Televisão vai passar a Copa do Mundo Feminina em 2019. É a primeira vez que a emissora vai dar espaço pro evento, mesmo que só os jogos da Seleção Brasileira serão transmitidos, já é um começo.
O campo desse jogo é todo cheio de obstáculos, o gramado é cheio de falhas, buracos, barreiras e as nossas capacidades e habilidades são colocadas à prova o tempo todo, a nossa raça é na base do #GirlPower.
Cada vez que vejo uma mulher com camisa de time, ou jogando bola, ou discutindo sobre futebol é como se o gol do título tivesse sido feito naquele chute improvável que entra na forquilha aos 45 minutos do segundo tempo.
O sentimento é totalmente de alegria.
E espero, profunda e verdadeiramente, que cada dia mais esse gol seja feito e essa conquista alcançada. Que mulheres nas arquibancadas, nas mesas de bar, nas partidas, nos comentários, nas narrações e onde mais a gente quiser, seja cada vez mais comum.
A gente se vê nos jogos!
Autora : Letícia Basto Pigari