Caro leitor,

Pensei que esse dia não chegaria ou melhor, pensei que eu não chegaria viva a esse dia. Desde aquele jogo terrível na volta da semifinal contra o River (no qual eu e quase 16 milhões de palmeirense quase morremos) a ansiedade tem sido grande. Mas essa última semana foi mais difícil ainda. Cada vídeo, cada foto, cada mensagem, tudo que envolvia o Palmeiras fazia o coração apertar e o olho encher de lágrimas.  Os dias não passavam, as horas se arrastavam e o dia 30 de janeiro de 2021 não chegava.

Não é atoa. São 20 anos aguardando chegar a uma final de Libertadores. Tem aqueles que eram muito pequenos na nossa última conquista, tem aqueles que nem eram nascidos, tem aqueles que mesmo nascidos sonham com isso todo dia.

20 anos com o peso de uma história gigantesca. 20 anos em que o Palmeiras foi do céu ao inferno mais vezes do que gostaríamos.

Mas essa final hoje é fruto da reconstrução de time que havia se perdido na mão de maus gestores. Ouso dizer caro leitor que o ano de 2014 foi passo essencial para isso. Sim, eu sei que 2014 foi um ano terrível, no centenário quase caímos, foi no sufoco, foi na alma e no coração. Mas esse simbólico ano foi fundamental para mudança de postura do clube.

No ano seguinte veio uma Copa do Brasil que nos garantiu a vaga da Libertadores no ano seguinte. Desde então são 4 anos seguidos de Palmeiras na Libertadores. Foram tropeços ao longo do caminho desde uma dolorosa eliminação para o Boca na semifinal em casa até uma inexplicável eliminação para o Grêmio, também em casa, nas quartas de final.

Tropeços que nos fizeram chegar aqui no lugar que nunca deveríamos ter deixado de alcançar. Estamos na final da Libertadores! Do outro lado um time que sabe que o futebol não nasceu nos anos 90, não é atoa que o clássico com essa equipe é o clássico da saudade, lembrando os tempos áureos de confrontos entre as equipes nos anos 50 e 60. Época de Pelé, mas também época de Divino, o maestro que comandava a academia que parava o próprio Pelé.

Se no passado o clássico da saudade já era emocionante, nos últimos anos ganhou contornos mais firmes e uma rivalidade mais acirrada nos confrontos diretos que as equipes tiveram tantos nos estaduais, como é claro, na Copa do Brasil de 2015 (essencial para chegarmos onde estamos hoje).

É difícil caro leitor traduzir em palavras os sentimentos indescritíveis que estamos vivendo agora.

Quando entoamos nas arquibancadas que daríamos a vida inteira pra ser campeão não é brincadeira. Pra quem dá a vida inteira, o que são 20 anos?

Por isso, a hora é agora, é hora de fazer história de ser a história, como daquelas que contamos dos clássicos da saudade e de tantos outros momentos A hora é agora!

Cabeça fria, coração quente e muito foco, porque a gente bem sabe que aqui por nada, nunca se canta vitória antes da hora!

Por isso, eu só posso desejar:

Que as nossas traves recebam as bênçãos do nosso Santo.

Que quando o adversário de aproximar, haja um Roque Júnior em cada zagueiro.

Que o meio campo se transforme na casa do Alex e seja abençoado pelo Divino.

Que cada atacante tenha um Evair dentro de si.

Que cada jogador sinta o amor de uma torcida que canta e vibra sem parar, ainda que a quilômetros de distância.

E, que nosso capitão tenhas as forças de César Sampaio para erguer a América e que essa cena volte a se repetir:

Porque não basta pintar apenas o país de verde e branco, queremos pintar a AMÉRICA!

Sempre e sempre avanti!