A magia da camisa 7 – O nascimento de um ídolo
“A Magia da camisa 7 do Palmeiras voltou”
Edmundo sobre Dudu, dezembro de 2015
Quando falamos em peso de uma camisa automaticamente lembramos da camisa 10. Mas no Palmeiras tem outra camisa que é igualmente pesada e carregada de história: a camisa 7. A camisa 7 tem uma mística própria ligada a verdadeiros guerreiros em campo, irreverentes, cabeças quentes e que honram a camisa alviverde com muito orgulho.
O número 7, segundo a numerologia, indica a busca pela aprendizagem e pela perfeição. Sete são os dias da semana, os graus da perfeição, as esferas celestes, as pétalas de rosas, os ramos da árvore cósmica e o número de ídolo do verdão.
A camisa 7 que já foi de Edmundo, Paulo Nunes, Julinho Botelho e Edu Bala é diferenciada, pesada. A força e o peso que ela carrega já derrubaram jogadores que ousaram vesti-la sem merecer.
Mas a camisa 7, enfim, encontrou seu novo dono: baixinho e invocado, ele vem buscando o seu lugar na história alviverde e no coração dos torcedores.
Eduardo Pereira Rodrigues goiano, nascido em 7 de janeiro de 1992, iniciou nas categorias de base do Atlético-GO; em 2005 foi para o Cruzeiro até chegar as categorias profissionais, quando foi emprestado ao Coritiba. Em 2011 foi vendido ao Dínamo de Kiev e depois emprestado ao Grêmio em fevereiro de 2014. Com o fim de seu contrato de empréstimo com a equipe gaúcha que não quis renovar com o baixinho (veja só o absurdo), várias equipes se interessaram por ele, foram muitas investidas contra o jogador, teve gente até falando que estava fechado com o Corinthians, mas bem, você sabe qual foi o desfecho dessa história. Que chapéu!
Dudu assinou com o Palmeiras em janeiro de 2015 e de lá pra cá tem mostrado todo seu empenho em honrar o número 7 que ostenta na camisa. Mas o gênio forte por vezes fez boa parte da mídia desacreditar do garoto. O temperamento explosivo bem semelhante ao Animal que já foi dono da 7, fez com que logo em seus primeiros passos no verdão, o atacante fosse denunciado ao STJD pelo empurrão dado no árbitro no final do Paulista disputado contra o Santos em 2015. Dudu escapou por pouco de uma suspensão de 180 dias.
Mas o gênio explosivo de Dudu fez com que ele se tornasse um dos jogadores mais aguerridos em campo e que fez valer muito a frase “linha atacante de raça”. Nunca fez tanto sentido esse jogador ter o número 7 nas costas. A 7 de Dudu foi um dos pilares centrais do título da Copa do Brasil de 2015, em cima do mesmo Santos. Afinal foi ele quem fez dois gols na final disputada no Allianz Parque que acabou levando a disputa aos pênaltis e o final você também sabe.
Mas as coisas não são fáceis para o guerreiro. Chegou ao Palmeiras em 2015 aguentando o peso de ser uma das contratações mais badaladas daquela temporada e sentiu o peso de demonstrar em campo o seu valor. Se demostrou o seu valor em campo após a heroica conquista da Copa do Brasil, Dudu teve que aprender a lidar com o peso de ser o herói daquela conquista, além do peso da camisa 7.
Após um início de temporada conturbada e uma eliminação precoce na Libertadores, Cuca chegou ao Palmeiras e parece que a vida do guerreiro se tornou mais difícil. De primeira vista Cuca e Dudu tiveram problemas. Sem cerimônia alguma o comandante colocou o atacante no banco. Mas não era a primeira vez na história do clube que um craque era mandado para o banco por um técnico. Evair já amargou um banco imposto injustamente por Nelsinho Baptista. Se o banco de Evair foi injusto, o banco para Dudu foi necessário para ajudar na construção de um craque. Assim como Evair, Dudu saiu do banco para entrar para a história e para o coração dos torcedores do Palmeiras.
Dudu e Cuca protagonizaram umas das relações mais emblemáticas da história do futebol. O relacionamento de aparente amor e ódio teve um fim encantador e não há sombra de dúvidas em dizer que Cuca contribuiu para que Dudu deixasse de ser apenas um bom jogador para se tornar um verdadeiro craque.
Dudu não só voltou a titularidade absoluta da equipe de Cuca, como se tornou o dono da braçadeira de capitão após a lesão de Prass e foi justamente com ela que ele ergueu a taça de campeão brasileiro de 2016.
Dudu desde a sua chegada ao Palmeiras teve uma identificação imediata com o clube que hoje em dia pouco se vê no futebol. Jogadores vêm e vão de clubes e poucos vivem o clube como Dudu vive o Palmeiras. A sua alma aguerrida encantou aos torcedores que cantam e vibram, e, em campo, tem trazido títulos.
Agora em 2017, ele segue sendo referência no Palmeiras, segue sendo capitão, segue sendo ídolo e com um novo capítulo a ser escrito ao lado de Cuca. Dudu deixou de ser apenas um jogador em campo, ele é o torcedor dentro do campo, fora de campo e em qualquer lugar. Dudu se tornou o palmeirense que faz de tudo pela vitória, se doa, luta, e busca na marra, se for preciso, mais três pontos. Não dá pra esquecer Dudu chorando ajoelhado dentro do campo após o gol de Mina no jogo contra Jorge Wilsterman na Libertadores deste ano, resumindo ali o sentimento de todo torcedor.
Não haveria número melhor para ser dado ao Dudu guerreiro, senão a 7.
7 de guerreiro, 7 de valente, 7 de obstinado, 7 de determinado, 7 de cabeça quente, 7 de craque e 7 do Palmeiras.
Se o próprio animal já falou que o Dudu é o novo dono da 7, quem pode discordar?
Dudu que carrega o peso de uma camisa 7, ainda carrega o apelido de um grande ídolo da nossa história: Dudu gêmeo de da Guia. Aquele Dudu volante, esse Dudu atacante, ambos craques que honraram e honram o Palmeiras. Se Dudu é craque em campo, fora dele existe uma mística futebolística que só os deuses do futebol podiam propiciar, toda a simbologia que o nosso capitão carrega, da camisa ao apelido, e a maestria com a qual ele suporta esse peso, tornam ele ainda mais amado no verdão.
A magia do futebol é mais forte quando se aproxima da mística camisa 7 que no Palestra é sinônimo de guerreiro que agora é sinônimo de Dudu. Dudu guerreiro. Guerreiro Dudu. O maior chapéu da nossa história e um dos maiores craques atuais do Palmeiras.
É, a camisa 7 realmente tem um grande novo dono!
Autora : Marcela Permuy