A Arrancada Decacampeã
São de muitas arrancadas que o Palestra foi construído.
A Arrancada heróica de 1942 surgiu quando fomos obrigados a trocar de nome. O Palestra Itália formado por imigrantes italianos, passou a ser alvo de perseguição e retaliação por trazer em seu nome a Itália que naquele momento era comandada pelo fascismo de Mussolini. A equipe foi obrigada a trocar de nome. Foi nesse momento que morreu o Palestra líder e nasceu o Palmeiras campeão.
Em 2018 precisávamos de uma nova arrancada.
Mais um ano em que a expectativa era alta e muitos torcedores bradavam que era obrigação ganhar tudo que fosse disputado. Palestrinos sempre são tão exigentes…
Ah mas o futebol tem das suas.
E a melhor campanha do Paulistão sucumbiu na final em sua própria casa. Inexplicável e até hoje engasgado na garganta.
Então a melhor campanha da Libertadores, começou a oscilar em mata-mata e mais uma eliminação na semi-final.
Na Copa do Brasil o Palmeiras nem chegou a convencer muito, mais uma eliminação.
Na cabeça do palmeirense parecia que seria mais um ano como 2017: altas expectativas, mas nenhum resultado. O que precisava para esse Palmeiras ser mais Palestra? Uma arrancada que mostrasse a todos do porque o Palmeiras já nasceu campeão.
E a nossa arrancada de 2018 começou de uma derrota.
Foi em 25 de julho de 2018 que a arrancada deca campeã começou. A derrota para o Fluminense no Maracanã foi a gota d’água para Roger Machado e naquele dia mesmo o técnico foi demitido do verdão nos vestiários do Maracanã. Existia algo na relação com Roger que não dava certo, ele não parecia ser de casa, não parecia ser da famiglia. Tanto que mesmo sendo dono da melhor campanha da fase de grupos da Libertadores o técnico sucumbiu em uma derrota fora de casa. Se para alguns isso seria um resultado esperado, para nós foi o fim.
Aquela derrota que deixou à todos nós inconformados, seria a derrota necessária para a retomada verde e branca, porque naquele dia morreu o Palmeiras insosso de Roger para nascer o Palmeiras decacampeão matador de Felipão.
Sim, Felipão foi anunciado e ele voltaria para nostra casa, para nostra famiglia. Se Roger não se encaixava nessa famiglia, Felipão bem sabia o que era essa famiglia. E como teve gente que se incomodou com a chegada desse comandante, afinal, nunca nada no Palmeiras é unanimidade.
Mas Felipão como quem já é de casa soube fazer por onde reconquistar até os mais ressabiados membros da famiglia.
E o verdão foi arrancando, deixando para trás o São Paulo, campeão do primeiro turno que com a soberba que nós palmeirenses sabemos que não pode existir, ousou dizer que o campeão havia voltado.
Deixou para trás o vice preferido que gosta de sempre ficar no cheirinho alviverde, bradando mais fora de campo do que mostrando trabalho na tabela.
Foi jogo a jogo que Felipão foi colocando ordem na casa, ponto a ponto que foi mostrando porque às vezes inovar tanto não faz sentido e que os ultrapassados eram apenas os rivais na tabela. Mas sempre fazendo a famiglia suspirar de nervoso, porque mesmo nas vitórias mais elásticas o verdão sabia como dar emoção (desnecessária).
Foi assim até os últimos jogos. O empate inexplicável com o Paraná. O jogo tenso contra o Vasco que corou como sempre os heróis improváveis. E até no jogo da festa contra o Vitória o Palmeiras souber dar emoção, depois de abrir 2 gols de vantagem em cima do Vitória, ainda conseguiu tomar um empate em minutos. O último jogo do ano do Palmeiras foi o verdadeiro retrato do Palmeiras na temporada de 2018: aquele time que gosta de complicar o incomplicável, mas ainda assim sabendo mostrar que de fato é campeão.
Esse é o Palmeiras que sempre nos leva do céu ao inferno em minutos. Que mesmo quando tudo vai bem, faz a gente roer as unhas de nervoso, orar para todos os santos e pedir aos deuses do futebol a redenção.
E a redenção veio em São Januário e foi coroada em um Allianz Parque com recorde de público desde sua estreia. O campeonato terminou nos pés e nas mãos do capitão Bruno Henrique que pelos seus pés nos deu o gol da última vitória de 2018 e a pelas suas mãos a alegria indescritível de ver a décima taça do brasileiro erguida ao ar.
Isso é só pra quem nasceu campeão, como o nosso Palmeiras nasceu.
Dono absoluto do melhor turno da história dos pontos corridos, dono ainda mais da maior série invicta dos pontos corridos do Brasileirão: foram 23 jogos sem saber o que é amargar uma derrota.
Foi um campeonato impecável, com apenas 4 derrotas, 11 empates e 23 vitórias. Campanha impecável que se espera de um decacampeão.
O Palmeiras de 2018 arrancou contra tudo e contra todos assim como como o Palmeiras de 1942 teve que arrancar contra tudo e todos e ainda contra o preconceito de sua origem. As arrancadas fazem parte de nostra história e da nossa galeria de troféus.
Agora mais uma taça contará a história de quantas arrancadas um único clube pode dar em sua trajetória para ser o maior campeão nacional, o maior clube do Brasil!
Porque quem tem mais, têm 10 e só quem tem 10 é o Palmeiras, o eterno Palestra.
Sempre e sempre avanti!
Autora : Marcela Permuy